domingo, 16 de março de 2014

Noturno

Porque existe outra coisa que somos nós – latido de cão, música no rádio, gelo na perna; sempre outra coisa que não essa. Um pouco de solidão, um poema em folha rasgada, escrito a lápis - letra tremida. Confessa-me um sentimento, uma ideia jocosa de amor ou uma palavra ordeira como que saída da tábua da lei. Busco-a sem apelo, sem a exigência irmã da dor, sem nenhuma dúvida ou desrazão. Pois que o faça. Retardo a noite aguardando o sono, aperto o lápis entre os dedos e declamo uma prece altissonante.

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