quinta-feira, 26 de julho de 2018

os bolsos da minha calça caqui

Descobriu, já não sem tempo,
Diferentes formas de bater a porta atrás de si;
Como uma folha de papel verde
Ou um muro de tijolos velhos.
Bater a porta quando já não há nada a ser percorrido,
Nem as ruas – aquelas ruas,
Da parte superior do mapa,
Nem as randômicas,
Que o levavam – dia sim, o outro também,
Ao mesmo ponto.

Ir embora sem ser reconhecido,
Como um afiador de facas,
Os sentimentos fotografados
Num envelope na mala
- armadilhas,
Cheio de histórias que não eram suas
E outras lembranças da boca do poço,
Sobretudo quedas.
Já sabia ir embora,
Não se iludia;
Levava quase nada,
Nem o que havia trazido,
Nem os livros.

Lia o último poema, batia a porta,
Jogava a chave por cima do portão.
As mãos colocava nos bolsos –
Por isso da importância de se ter uma calça
Em que as mãos caibam nos bolsos.
De resto, era caminhar.