terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

sobre a impaciência:

Sobre o que escreverei hoje? Que palavras me aguardam para além das grades e das janelas, lá fora, no céu ainda molhado? Sobre o que eu escreveria hoje se fosse um lápis ou fosse uma melodia, uma nota que se estende indefinidamente, tão longe quanto um peixe pode ir salgando o mar ou o cheiro do café num sonho?
E se eu fosse o homem fabril das palavras, um inventor qualquer de vírgulas, sobre o que eu escreveria hoje?
Sem dúvidas, um poema torto.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Amanhã

Amanhã é preciso cortar a grama
E pagar a luz
Pagar as contas da vida
E da solidão
Amanhã é preciso tirar o mármore do rosto
Desenterrar o temor da morte
E o ferro dos ossos

Meu rosto espreita o amanhã
Como se já o conhecesse
Porém se engana
E perde-se nas horas mofinas da madrugada
Acordado, finge dormir
Enquanto ao largo a vida corre
E o amanhã nunca vem