Lá longe, distante
Os edifícios reclamam solidão
E me relembram
Como se puxassem cordas
Que há vida correndo cá fora
Tem gente pisando o asfalto
Desafiando as leis da gravidade
Cá fora há mato nas calçadas
Desordem viva pulsando
É preciso ignorar o perigo, dizem
Desviar das balas e dos sacerdotes
Dos mercadores e da loja de empréstimo
Aqui fora há de se sujar as mãos
Abraçar a imperfeição desses versos
Caso contrário, a morte nos conservará até o final.
quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018
terça-feira, 27 de fevereiro de 2018
Os últimos ossos quebrados
E apesar do que dizem
Não virás com o chamado do fogo
Nem com a alma dos peixes
Ou das ranhuras na face do céu
Meu pedido entrará no silêncio dos corredores
Sem janelas, nem assentos
Corredores de antigas vozes
Dos pedidos em decadência
Violentos e cansados
Apesar dos gritos e das cartas
Escritas em tumulto
Não virás
Sentada em um trono de madeira
Desconfiada das horas
Triste como o tempo que não aconteceu
Os olhos ensimesmados
Numa espécie de lamento
Apesar das palavras e do braço
Com que colhes o fruto das estações
Não virás
Apesar da nudez e do suor
Com que lavas o corpo
Não virás
Deitada numa outra parte da noite
Assinar:
Postagens (Atom)