domingo, 19 de junho de 2016

[poema]

Sentei-me à praça, frente aos seixos, sem fantasias.
Olhar vindo de longe,
As roupas roubadas daqueles que me venceram.
Elaborei um plano no caderno e sentado, ainda sentado,
Troquei-o pela companhia dos pássaros.
Lembro que fazia sol, que havia paredes e bancos,
Lembro de socorrer a pedra, uma árvore,
Lembro de esquecer um punhado de coisas.
Não esqueci a vida, nem os entes vivos,
Não esqueci a identidade do mundo,
O modo caprichoso quando nos olha,
O modo violento quando grita,
Quando grita o mundo seu amor,
Seu amor grande e violento.
Não levantei do banco,
Não troquei meus propósitos.
Mudei como mudam as árvores,
As folhas caindo ao chão,
O trabalho silencioso das raízes.
E consegui ver que nas paradas
As crianças ainda brincam.