sábado, 19 de setembro de 2015

Encontros

O homem dá adeus ao cavalo
E da terra extrai um lápis
Impregnado de noite.

Olha em diagonal
Mulheres navegando garotos,
Consumindo cigarros sem prazer.

Olha os carros percorrendo
Ruas de chão batido.

O homem vertical nada vê
Suspirando o mofo da cidade,
Suspeitando das verdades impressas,
O sexo flácido nas mãos enferrujadas,
A vida despida de nuvens
À sombra de uma escada.

Nossas vozes poderiam se cruzar
Em algum ponto entre o desencontro
E o desencanto,
Mas deixo-as nuas na claridade augusta.

Talvez eu pudesse escrever outras estórias
Se não tivesse o corpo em chamas.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Meu coração é um mil folhas no balcão da padaria

Minhas pernas movem-se como baleias
Num mar de sangue,
Como se cavalos cuspissem fogo.

Tenho a boca aberta da fome
Brancos olhos cristãos,
Meu corpo todo
É um gigante ébrio de amor.

Sou o que esquece quando deveria lembrar,
A força que mantém a corda tesa,
A pele negra que te reveste a alma.

Meus versos são pedaços de uma prece
Que se arrasta pra dentro do tempo,
Um segredo que levas no bolso
E ingenuamente chamas de desejo.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Odisseia

Dos mistérios gerais de viajar pelo espaço
Dos perigos de percorrer a nebulosa
Sem um traje espacial

Vim da terra
E o perigo está nos meus olhos
Humano poder de comer poesia
Terráqueos dedos de tristeza

O homem pisa na lua
Depois da morte
E todas as vozes calam
No quintal de deus

Não há colônia de férias em Marte
Não há colônia de homens
Em lugar algum
A multidão de gente sem nome
Engoliu a Terra