segunda-feira, 11 de maio de 2015

Encontro de cegos

Ela tem um cachorro,
Um quarto azul
E braços de remadora.

Eu

Ela pensa formigas, grão de areia, infusões.

sou

Ela bebeu do cálice.

oculto.

(E partiu.)

sábado, 9 de maio de 2015

cadafalso

Sinto o corpo suspenso
Entre suspiros de gatos
Entre a lembrança e o susto
Entre nenhum e todos

Meus amigos:
Eu era a palavra-valise
A chave da porta
Agora saio sem pagar a conta

Velho fantasma sem filhos
Não teve raiz nem quintal
Era o fiel da balança
Cadafalso e escuridão
O líquido que transborda
Da cópula
Sementeira de cegos

Onde vivem as mágoas
Dos mágicos destinos?
Eu sei, ele dizia
E a sua reposta soprava o vento
E as velas dos barcos
E um tanto do silêncio.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Um pingado


O cheiro do café traveste a loucura
De selvagem paciência
Grãos, sorrisos e outras peças
Encenadas no avanço
da velhice
Já não me custa viver sem o que desejo
Envelheço como música.