segunda-feira, 2 de maio de 2016

O vento é a alma das coisas


Como o olho que vê a si mesmo
Por dentro de um vendaval
Dando as costas.

O olho que viu teu desejo transpirado
Nas mãos de outro
Uma fome com gosto de morte

Olha, olha
O cansaço venceu a aurora
Um incêndio do lado de lá
A água invadindo a cidade

Sonhamos o tempo
Sentados na penumbra da memória
Olhando o silêncio
Enrugar nossas mãos

Meu rosto pensa
o gosto rubro da tua face
Uma última vez
Depois ruminações estéreis
Por fim, o clarão que antecipa o nada