quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Desalinhando


O blog desandou. Não era minha intenção deixá-lo tanto tempo desativado, mas o fato é que ficou. Aquelas coisas que vão acontecendo, vamos deixando, e que depois de um tempo, sem nem nos darmos conta, entram no gerúndio. No final do ano passado não havia espaço para fazer mais nada. Tirei férias de sentir vontade de fazer qualquer coisa a não ser entrar em férias. Não fiz retrospecto de fim do ano, balanço final ou coisa do tipo, apenas segui perseguindo os dias de praia e prazer. Eles chegaram e já se foram, mas não com pressa, ao contrário que sempre supomos que acontecerá, escorreram preguiçosos, repletos das coisas que gosto de fazer: albatross, prancha nova, altas ondas, água limpa e sol. Inclusive os dias de chuva foram generosos. Não foi todo o tempo assim, porém prefiro manter os que valeram a pena na memória. Não vou me estender muito nessa história. Fevereiro chegou trazendo trabalho, calor em Porto Alegre e uma parada para o carnaval. Acabou a temporada. É isso. De volta á vida como ela costumava a ser. Então me bateu aquela vontade realinhar o blog no desalinho novamente, ou talvez tenha sido mais um desejo de renovar certos votos, como o de escrever, por exemplo. Eu não sei qual foi a minha intenção ao criá-lo, quiçá uma forma de materializar o sonho de escrever e ser lido, mesmo que eu não o seja por ninguém, exceto o Daniel Rock (é ou não é, Daniel?!). Mesmo assim ele existe, é um projeto, um desejo, inspiração. Um sei-lá-oque. Portanto, estamos aqui 2013. Escrevi para o Daniel dizendo que tinha bons pressentimentos em relação a esse ano. Não sei, me parece até um pouco idiota esse tipo de previsão mágica – logo a voz severa que opera dentro da minha cabeça diz que se eu não me mexer muito mais do que costumo a fazer nada (nada mesmo, nadinha) irá acontecer. Entretanto acho que é esperança o que tentei expresar, esse sentimento inominável, essa crença que de certa forma me leva a sair do lugar e pensar que podemos ser melhores do que isso, do que temos sido preguiçosamente ao longo dos dias, que a vida será melhor. Yes, we can! Não tirei férias da literatura, muita coisa boa foi lida, mas não vou comentar um por um aqui, me parece um pouco de exibicionismo presunçoso fazer lista de leitura das férias. Enfim, no momento estou lendo o inspirador Do que eu falo quando eu falo de corrida, do Haruki Murakami. Na minha singela e modesta opinião uma pequena jóia, tendo em vista que logo em breve correrei minha primeira prova;extensos e longínquos 5km. Maratona de Nova York, aí vou eu!

Um comentário:

Daniel Rocha disse...

Marcelo Martins está de novo na área, oh yeah!

Estava eu me preparando para ler e comentar teu texto, quando descobri que tu recém postou um conto logo acima. Isso é bom e ruim, porque os leitores preguiçosos da internet tendem a ler apenas o post atual, no caso o conto acima. Mas sobre ele falo em breve, já que me preparei (o Murakami fala muito em preparação) para escrever sobre este.

Bom, não acho que sou teu único leitor. O Desalinhado tem o mesmo problema, penso, que o Distantes Trovões. As pessoas leem e não comentam. Não sabem o trabalho (prazeroso, mas trabalho) que é redigir um texto. Gostei da parte de renovar os votos da literatura, é isso aí. Temos que continuar escrevendo, com fé. Uma vez nosso bom René me disse que o Borges e o Bioy Casares trocavam correspondência diariamente, e isso por cinquenta anos. Hoje, mas pode ter sido ontem também, a Mademoiselle Rocha disse que a gente deveria publicar nossa correspondência eletrônica. Garanto que ia ser um sucesso, embora suspeite que seja melhor a gente esperar até uns oitenta ou noventa anos para isso.

Anyway, escrever é um ato de resistência, lembre disso. Quem escreve é um rebelde contra a realidade como ela é, contra a mesmice do dia-a-dia, contra a Matrix, contra o fim dos sonhos. Continue escrevendo. Eu vou continuar te lendo. E continue atualizando o Desalinhado. Lembro que o batera do trio do Pablo Held me disse que ele podia passar o dia vendo televisão, mas se em vez disso ele estivesse praticando seu instrumento, ele sentia que estava “fazendo alguma coisa”. Acho que é isso, por isso escrevemos.

Escrever É fazer alguma coisa.

Aquele abraço e em breve leio o conto acima,

e continua escrevendo!

PS - Tu podia escrever sobre as corridas e o treinamento, sobre a disciplina e o foco, acho que ia render bons textos também.