sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

2012 agora vai!

Nada caí do céu, afirma a sabedoria popular, também conhecida por senso comum. Tudo que nos acontece está amparado por uma complexa rede de fatos, alternativas e escolhas que tomamos ou que deixamos de tomar. Lendo um excelente livro do Luís Augusto Fischer, Filosofia Mínima – Ler, escrever, ensinar, aprender - escritor, professor e ensaísta pelo qual tenho o maior respeito e admiração, descobri que insisto nesta história de escrever porque não me resta outra alternativa, porque não sei como elaborar minhas experiências se não for por meio da escrita, e porque não consigo viver sem pensar nos significados (ínfimos e aterradores) envolvidos em cada ação que pratico. Tenho essa necessidade de investigar e ressignificar minhas experiências, de colocá-las em algum lugar que não seja o esquecimento ou a dormência. Dessa forma, sentado nesta confortável cadeira de palha na casa da minha família na praia de Albatroz, penso que se cheguei aqui não foi por acaso, mas porque escolhi e porque uma série de fatores conspirou favoravelmente para que isso acontecesse. Contudo o objetivo não é escrever sobre as graças, ou infortúnios, porque os dois coexistem lado a lado sempre, de estar na praia enquanto milhares de pessoas não estão, mas pensar um pouco no ano que finda, e por mais que vivamos num presente incessante, é mais um ciclo que se encerra. Então, o que me trouxe até aqui? Vivo com certa angústia, umas tantas incertezas; minha vida segue em retas paralelas que não se comunicam, temo que jamais venham a fazê-lo. Uma delas é das coisas como elas são; o trabalho, a mulher, os amigos, o local onde vivo, a cidade. É a estrada concreta. A outra é das minhas aspirações, das fantasias, os sonhos e o tempo que sempre me parece inesgotável. Parece óbvio que com a idade que tenho já deveria estar mais esperto, um pouco mais maduro, e já capaz de reconhecer a discrepância que há entre o real e o suposto. Deveria me frustrar menos. Confesso que peco ás vezes pela autopiedade, pelo excesso de melindre e falta de tenacidade para viver nos dias de hoje, na sociedade líquida pós-moderna capitalista, seja lá o que isso signifique. Também não gosto de culpar a sociedade pelos meus fracassos, faz com que eu me sinta um chorão de barriga cheia. 2011 foi um bom ano? Digo que sim. Não acredito e não gosto destes escritos de auto-ajuda, sabedoria rasa feita para tapar buraco. Acho chato e pretensioso. Gosto mesmo é de reclamar, do desespero, e a partir disso encontro uma saída, reelaboro um caminho, repenso e sigo em frente. Por isso o ano de 2011 foi excelente. Eu queria mais, óbvio. Queria a ausência de problemas, fazer apenas o que eu gosto e ainda ser pago para isso, um mundo melhor, uma sociedade mais justa, a extinção do sertanejo universitário e por aí vai. Todas essas previsões de ano novo e retrospectivas de fim de ano são falsas. Sobrevivemos, e com certo esforço fizemos até algo mais, sonhamos também. Pretendia estender mais um pouco essa conversa mas faz um baita sol lá fora, o verão me chama. Feliz 2012!

Um comentário:

Daniel Rocha disse...

Legal, carinha. Que bom que a chama se mantém acesa. Legal que a escrita continua urgente, com sede de vida. E nós também. Não lembro se comentamos sobre Albatroz, mas estive por lá semana passada - onde fica a tua casa? poderíamos ter tomado uns chimas à beira-mar, embora minha pele quase albina só me permita ver o sol da praia às sete da noite.

Ação, 2012. Ação. Life won't wait, como dizia a música do Rancid. Aquele abraço.