segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

o grito do povo

Era pelo grito que o poeta esperava;
recebia frutas diversas e acenos do povo,
mas era o grito das moças que ele ansiava, um tanto do suado prazer.
Todavia, sempre muito distraído, seu olho buscava uma palavra lá fora,
o verbo sobraçando nos galhos.
Projetava-se através das lentes minerais com pés enraizados no hoje.
Diante da sanha apaixonada, dizia-se fraco paras as coisas do espírito que nebulosamente habitam a carne.
Gastava suas horas – as melhores, entre os mortos,
as noivas de papel e os livros que jamais escreveria.

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