domingo, 12 de dezembro de 2010

CTBA







Milhões de centímetros cúbicos de concreto.

Amei Curitba desesperadamente. Curvas e linhas de concreto, avenidas que deságuam em prédios monolíticos. O Paço da liberdade, o prédio da Universidade Federal, a Av. Marechal Deodoro. Minha impressão é de que a cidade foi planejada em detalhes, não nasceu desordenadamente, mas se ergueu pela força do próprio desejo. Linda beleza de concreto. E eu, tomado de pequenez provinciana, fui arrebatado pela cidade. Saí do hotel lá pelo fim da tarde, o clima era levemente abafado, e desemboquei na Marechal Deodoro. Tocava Beatles – Abbey Road – no meu mp3 player. Vi aqueles prédios enormes encravados na avenida que aos meus olhos transbordava gigantesca. A luz do sol se derramava branda pelo asfalto, quase desmaiada, não era mais possível vê-lo. Tomado de uma espécie de epifania caminhei pela rua como se soubesse onde estava indo. Deixei que aquela visão arrastasse meus pés cansados, segui-os tão somente, e engoli a cidade à medida que ela também fazia o mesmo comigo. Olhei tudo nos olhos, olhei cada pedra e cada mistério escondido nos mais ínfimo detalhe. Soube de toda história por trás de cada parede erguida, do suor, dos sonhos e do sangue ali contido. Cruzei praças, cafés e igrejas. Cruzei semáforos, automóveis e pedestres. Cortei-os de dentro para fora. Exauri todas as minhas forças e quando dei por mim já estava deitado no leito branco do hotel. A cortina entreaberta deixava-me a mostra um pedaço do céu calcinado. Meus pés doíam de uma maneira inusitada, tive a sensação de tê-los colocados no chão pela primeira vez. Pela manhã tomei um banho gelado e desci do quarto já com minha mala. Fiquei no hall aguardando o motorista que me levaria para o aeroporto. Rabisquei umas linhas até que ele chegasse. Prometi vê-la novamente.

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