terça-feira, 9 de novembro de 2010

La Résistance


Estava bem difícil sentar para escrever e atualizar o blog. Consegui. Firme na resistência. Em breve notícias do Paul McCartney.

Para não perder viagem segue trecho de um romance do Coetzee que li recentemente. Baita Livro!

“Somos todos participantes do mercado global: se não competirmos, pereceremos. O mercado é onde estamos, onde nos encontramos. Como viemos parar aqui não podemos perguntar. É como ter nascido num mundo em que não temos direito de escolha, de pais desconhecidos. Estamos aqui, só isso. Agora é nosso destino competir.
Para os verdadeiros crentes do mercado, não faz sentido dizer que você não sente prazer em competir com seus próximos e prefere se retirar. Pode se retirar, se quiser, dizem eles, mas seus concorrentes com toda certeza não se retirarão. Assim que você depuser as armas, será abatido. Estamos aprisionados inelutavelmente numa batalha de todos contra todos.”

J.M Coetzee, Diário de um ano ruim

3 comentários:

Daniel Rocha disse...

"Agora é nosso destino competir.(...) Pode se retirar, se quiser, dizem eles, mas seus concorrentes com toda certeza não se retirarão. Assim que você depuser as armas, será abatido."

Um verdadeiro tributo à Resistência. Temos que seguir em frente, nem que seja rastejando, como disse o Martin. Estamos na chuva, é pra se molhar. Mas também podemos cantar.

Sim, podemos cantar.

Abração!

Daniel Rocha disse...

Em tempo: li ontem o conto do post abaixo, gosto bastante de textos que falem das angústias da criação, do medo frente a folha em branco, gostei do clima de meia-luz do abajur. Mas fiquei na dúvida quanto ao fim.

Já pensou em descrever a música do Chet, em vez de dizer simplesmente que colocou um Chet? Acho que poderia enriquecer o clima, se o narrador falasse das sensações (da viagem) do protagonista ao escutar o jazz, que na verdade é propício para isso.

Marcelo Martins disse...

Meu caro, obrigado pela leitura. Certa vez o Pedro disse que se precisamos explicar o que escrevemos é porque provavelmente alguma coisa não funcionou no texto, contudo, o fim é aquilo mesmo, é para causar esse efeito de dúvida ou estranhamento. O personagem é tomado por uma espécie de temor existencial inexplicável que contrasta com o que ele é: um tipinho pedante que acha que pode tudo. E o lance do jazz é aquilo mesmo, ele não sabe nada de jazz, ele está ouvindo porque alguém lhe disse que era bom. Foi um exercício despretensioso de escrita, se não praticarmos, enferrujamos. Vou tentar ouvir o programa na segunda-feira. Vamos trocando correspondências eletrônicas. Aquele abraço