“Os homens não devem cortar árvores. Há um Deus. (Anotava tais revelações nas costas de envelopes.) Mudar o mundo. Ninguém mata por ódio. Torná-lo conhecido (tomou nota). Esperava. Escutava. Um pardal, pousado na grade em frente, piou “Septimus, Septimus”, quatro ou cinco vezes, e, cascateando as suas notas, continuou a cantar, alto, com frescor, em palavras gregas, que o crime não existe, e, tendo chegado um outro pardal, cantavam ambos, com voz prolongada e penetrante, em grego, dentre as árvores do prado da vida, à margem de um rio onde passeavam os mortos, que a morte não existe.”
Woolf, Virginia. Mrs. Dolloway
4 comentários:
Conheço pouco de Woolf, mas ela foi uma das principais que difundiu o fluxo de consciência, não? Essa última frase dela é um belo exemplo.
Enquanto tomo um chá na madrugada de Sábado de Aleluia (agora são quase 3 da manhã), fui ali no link "café" reler trechos daquele belíssimo conto, e vi que tem um comentário do Fernando, que queria largar o Bom Fim. É o mesmo Fernando que estou pensando?
Continua escrevendo. Continua resistindo. Abraços e feliz Páscoa!
Virginia e Fernando,
Sim, creio que o Fernando que você imagina que seja, seja exatamente o Fernando do comentário. Mas ele não desistiu do Bom Fim, nós não desistimos do Bom Fim. Porque o Bom Fim a que nos referimos, que visitamos para tomar um café e pensar na vida, é um estado de espírito, imaginário, utópico. Não é preciso se afastar dele, e você sabe bem sabe do que estou falando.
Estou lendo Mrs. Dalloway, da Virginia. Estou curtindo. O romance é muito bom. O fluxos de consciência das personagens não são todos como esse, são mais estruturados e nem de longe parecidos com os do Joyce. Contudo a escrita dela é muito flui muito livremente. Recomendo. Te mandei um -email também, dá uma olhada. Abração
Lindo trecho, Marcelo. quem sabe eu me anime, agora, a ler de verdade o Mrs. Dalloway...
Besos
Ana querida;
Leia o romance, anime-se. Terminei a leitura nesse domingo, é lindo, orgânico. Em certos momentos, pequenos momentos luminosos, te agarra pelas entranhas e te deixa absorto no sofá, o livro caindo um pouco das mãos combalidas.
E o gaveta? parado?
besos
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