quinta-feira, 1 de julho de 2010
tentando escrever
Escrever é um exercício de natureza tão radical e severa que sinto-me tragado por esse tour de force, com a necessidade de ir mais ao fundo, a perder de vista o ponto de retorno, cambaleando pelo território inóspito. Escrever é flertar com tudo que há de terrível e sublime no dorso do tempo. Vejo uma jangada á deriva no mar, a vela sobraçando ao vento, milhares de braços a aguardam. Vejo-me de terno e gravata carregando uma pasta de couro vazia, perambulando apressado pelas ruas do centro, como se de mim dependesse muitas decisões. Talvez eu seja o ministro de algum país africano esquecido no Brasil, disfarçado de velho Marcelo. Vejo o futuro e um pouco de passado, vejo também o Lou Reed cantando “Coney Island Baby”, e nem preciso abrir ou fechar os olhos, apenas sigo tentando escrever.
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Um comentário:
Muito legal o post. Escrever é exercício, entrega, exigência. Fiquei pensando no tour de force. Pode durar até o fim da história ou até o fim da vida. Ou o que vier antes.
Continue resistindo.
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