No calor de janeiro
na tarde suada de janeiro, decidi casar com a poesia
porque já não podia mais casar,
porque casei aos dezoito anos,
casei aos vinte e seis anos,
aos trinta e três anos
Minha mãe – pele negra sem rugas, em sabedori e chinelos de dedos – disse:
- Isso não é pra você!
Casei com a poesia ao ouvir a voz de Ginsberg no escritório abarrotado de papéis,
quando Hilda me ofereceu um cigarro.
Casei com a poesia no chão da sala,
na tarde suade de janeiro.
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